sábado, 19 de março de 2011

A solidão da dissertação

Logo nas primeiras reuniões entre orientadora e grupo de pesquisa fui advertido sobre a solidão da dissertação. Uma solidão que vai chegando de modo rasteiro e vai tomando aos poucos os espaços da minha vida. Solidão esta, que muitos me disseram ser a companhia de todo este processo de pesquisa e formação profissional chamado de Mestrado. E essa solidão é uma das coisas com a qual eu tenho dificuldade de conviver. Baseado na área da minha graduação - Jornalismo - não ter o contato com as pessoas e reelaborar as leituras e o que estou pensando é uma coisa complicada. Por mais que conte ou explique, me sinto falando sozinho no meio de um mar de vozes que também falam sozinhas. Somos impelidos a buscar leituras, conhecimentos e novos contextos para perceber os usos de nossas teorias e dos ditos de nossos autores. Mas o período inicial para mim tem um gosto de solidão. Não caminhamos sozinhos em nenhum momento e sempre estamos conversando discutindo sobre diversos pontos de vistas e teorias nos grupos de pesquisa, entre colegas de disciplinas, mas é muito diferente do que se vê na graduação. Aparentemente, tenho sentido a necessidade de reler todo o mundo e minhas percepções neste início de caminhada. Às vezes tudo parece turvo e apenas a orientação e os colegas parecem esclarecer as coisas. A impressão é que existe um véu tênue e fosco que nos separa do mundo do senso comum e ao mesmo tempo, nos vemos inseridos nele em cada teoria ou discussão em sala.
Entretanto, a sensação de insegurança é grande. As responsabilidades e as necessidades são enormes e o tempo está todo momento em frente aos teus olhos, passando. Parece que não há como conseguir concretizar tudo que se planejou para o dia que se vive...

Um comentário:

  1. É, dá uma olhadinha para qualquer mestrando. Os que sofrem menos a solidão são invejáveis, mas um trabalho de qualidade não nasce em público. É preciso privação. É quase o sabor da penitência, e ser aprovadado algo como a absolvição. A dissertção não serve como confissão, ela serve como prova. A prova do crime, da crise da solidão. Minha professora nos disse um dia: quando isso começar a acontecer, liguem para um outro mestrando, para um amigo ou um colega. Tem gente que não administra muito bem isso. Aí eu penso: administrar bem deve ser não pirar com tudo isso. Amigo, quando se sentir só e abandonado, dá um grito. Não que eu vá poder sempre ouvir, mas quando seus tensos momentos de solidão chegarem, eu ja terei defendido e poderei acudi-lo0 ^^

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